Tentações de Cristo, nossas tentações

a tentação

 

Mateus 4: 1-11

As tentações descritas neste texto que foram experimentadas por Jesus são um quadro fiel das tentações mais básicas que todos nós sofremos até hoje. Elas claramente nos mostram, de forma mais abrangente, três coisas iniciais:

1. As tentações são confrontos nos pecados mais básicos em nossa natureza.

2. Satanás não necessita inventar novos pecados, pois o ser humano ainda é o mesmo.

3. E, na Palavra de Deus encontramos saída e suporte para resistirmos a todo tipo de tentação.

Isso é fundamental e está no alicerce desta passagem bíblica. Gostaria de analisar com você um pouco mais detidamente a natureza destas tentações e suas implicações com a nossa realidade do século XXI.

Quando disse que Satanás não precisa inventar pecados novos, pois o ser humano é o mesmo, isso significa ao menos duas coisas. Primeira, que ele (Satanás) sabe que o ser humano apesar de estar no planeta a milhares de anos, ainda não desenvolveu uma defesa eficaz contra os ataques por ele deferidos contra a alma das pessoas. Ele não precisa inventar coisas novas, apenas mudar a roupagem das velhas para parecer moderno ou pós, que ainda consegue os mesmos resultados de sempre, porque o ditado esportivo ainda faz efeito: “em time que está ganhando...”.

Segunda coisa, a menos que as pessoas compreendam o real significado da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo no cenário cósmico da salvação e do resgate da vida humana distanciada de Deus, elas não poderão desafiar com sucesso o poder destrutivo que as tentações exercem em todos.

Para dar alguns exemplos, fiz uma pequena relação do livro do Gênesis de pecados que forma registrados nos primórdios da humanidade, antes das civilizações surgirem. Desde que os seres humanos surgiram no planetinha verde e azul os problemas os acompanharam, seja pela força exterior do Mal presente ou pela dádiva do livre-arbítrio concedida por Deus. Veja abaixo uma pequena parcela deles.

Morte / Homicídio (Gên.4:8)

Corrupção e violência (Gên.6:11,12)

Embriaguês (Gên.9:20,21)

Omissão / Mentiras (Gên.12:18,19)

Guerras (Gên.14: 1,2)

Sodomia / Pederastia (Gên.13:13 e 18:20)

Incesto (Gên.19:31-36)

Traição (Gên.27:6-10,35)

Defloração / Sexo antes do matrimônio (Gên.34:1-7, 13, 31)

Ódio (Gên.37:4,5)

Prostituição (Gên.38:14-18)

Adultério (Gên.39:6-9)

Apenas para início de conversa. Esses pecados estavam presentes na vida das primeiras comunidades humanas. E desde lá eram considerados pecados ou violações de conduta que merecia punição, castigo ou repreensão pública. Isso, portanto é muito antigo, por isso disse que o Inimigo não precisa inventar nada novo, pois ele tem conseguido com alto índice de desempenho aliciar a maior parte da humanidade para seu “time”.

Outra coisa que precisa ficar bem clara aqui, antes que interpretem errado o que estou dizendo é: Satanás e seus demônios não são a fonte das tentações. Eles mesmos foram tentados e caíram. As tentações estão dentro de cada um de nós, cada qual com suas fraquezas ou debilidades. Portanto, não é o Inimigo que de fato nos tenta, somos nós mesmos por causa do poder do livre-arbítrio. O demônio é apenas o facilitador da coisa.

Aqui chegamos ao cerne de minha argumentação. O que as tentações às quais Jesus foi exposto nos dizem? Quais suas implicações para nós? Penso que as três tentações têm em si os mesmos aspectos reais hoje, senão vejamos.

A primeira tentação – a de transformar as pedras em pães – é um confronto direto com o que eu denominei ética do sustento. Ser tentado ou confrontado na ética do sustento significa saber ou descobrir até onde estou disposto a ir para ganhar o pão de cada dia. Ou seja, quais são as minhas justificativas para fazer o que faço para ganhar a vida? Quais são as minhas desculpas para não agir corretamente, eticamente ou honestamente no ato de produzir o meu sustento diário?

Como respondo a essas indagações mostram qual o nível de tentação ao qual estou exposto todos os dias. Isso pode ser usado como referência a todos os tipos de profissão e em todas as áreas de negócio ou comércio. Isso vai do que é legalizado e permitido até o que é ilegal e marginalizado.

A segunda tentação – a de se lançar do alto do templo – é a tentação contra a santidade da vida e do corpo. O corpo no qual está confinada a nossa vida terrena é sagrado para Deus, não apenas nas religiões monoteístas, mas em quase todas elas desde a antiguidade. Expor-se aos perigos em todos os setores da vida, nos horários de retorno para casa, nos entretenimentos, nas relações sexuais e nos relacionamentos que não dão em nada, são algumas formas de tentar contra a vida e o corpo.

O dom mais precioso que recebemos não é a saúde, a inteligência ou a família, todos esses são extremamente importantes, mas sim o dom da vida. A vida é o princípio de tudo para nós. A existência é a vida, e, sem ela, não podemos desfrutar da existência, da saúde, da inteligência e de tudo mais.

Mesmo para os doentes, para os aflitos, para os dependentes e todos os que padecem de males, o mais importante é estar vivo. Celebrar a vida é o principal. Agora, não podemos celebrar a vida achando que ele é uma festa, porque não é. Quando possuímos uma concepção errada da vida é que sofremos as tentações contra a santidade e sacralidade dela. Quando não temos concepção correta da vida é que expomos nosso corpo aos perigos.

A terceira tentação – a de servir ao Diabo em troca de riqueza e glória – é a de adorar e servir ao não-Deus em troca de seus favores. Tudo aquilo que não é Deus é não-Deus. Tudo aquilo que não é Deus é uma criação ou criatura. Ao colocarmos as coisas, pessoas, bens, riquezas, glória, fama e outros seres espirituais no lugar devido somente a Deus, estamos caindo na tentação de servir a outro que não seja o Senhor para alcançar coisas fúteis.

Alguns dizem que Deus está acima de tudo, “primeiramente Deus”, que Ele está em posição inigualável em suas mentes e corações e que os outros são seus auxiliares, estão abaixo dEle e são buscados para ajudar a chegar a Ele mais corretamente. Nada mais falso.

Assim como Deus está acima, não há outro ao lado e nem abaixo. As palavras de Jesus no texto em resposta a Satanás nos declaram objetivamente: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás”. Portanto, só “há” Ele e só “a” Ele, não existe neste caso o meio-termo. O texto das Escrituras Sagradas não aceita a imposição da língua latina das “dulias” e da “latria”.

Somente um correto relacionamento com Jesus Cristo e com a Palavra de Deus, tem a eficácia de nos preservar de render-nos as tentações que estão dentro de nós e são diariamente facilitadas pelo nosso Inimigo.

Pense nisso!

Carlos Carvalho

Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica

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